Especial Halloween: ‘A Maldição do Mar – Shea Ernshaw’

Oi gente! Estamos no mês das bruxas e nada melhor do que trazer uma história que envolve jovens bruxas para o nosso Especial Halloween. A Maldição do Mar é o livro de estreia da autora Shea Ernshaw no Brasil e vai contar a lenda da pequena, mas amaldiçoada cidade de Sparrow. Todos os verões são marcados pela Temporada Swan, uma festividade em homenagem as irmãs Swan, que foram mortas por bruxaria há 200 anos. A temporada também é marcada pela volta das irmãs. Ué, mas como assim a volta delas? Estamos falando de uma história regada a maldições e vinganças, e fica a cargo de Penny Talbot nos contar a lenda de sua cidade. Fiquem com a sinopse, que eu já conto mais sobre o livro…

“Bem-vindo a cidade amaldiçoada de Sparrow… Três séculos atrás, na pequena e isolada cidade, três irmãs foram sentenciadas a morte por bruxaria. Pedras foram amarradas em seus tornozelos e elas foram afogadas nas águas profundas que cercam a cidade. Agora, por um curto período em cada verão, as irmãs retornam das profundezes, roubando os corpos de três garotas para que possam buscar por vingança, atraindo garotos até as docas e levando-os para a morte na água. Como muitos locais, a garota de 17 anos Penny Talbot já aceitou o destino da cidade. Mas esse ano, na véspera do retorno das irmãs, um garoto chamado Bo Carter aparece: sem conhecimento do perigo no qual acabou de tropeçar ou do fato de que sua chegada pode mudar tudo. Desconfiança e mentiras se espalham rapidamente pelas ruas salgadas e chuvosas. As pessoas na cidade voltam-se umas contras as outras. Penny e Bo suspeitam um do outro de esconderem segredos. E a morte vem rapidamente para aqueles que não conseguem resistir ao chamado das irmãs. Mas apenas Penny consegue enxergar o que os outros não podem. E ela será forçada a escolher: salvar Bo, ou salvar a si mesma?”

Sparrow é uma cidade litorânea, pequena e isolada, onde as irmãs Swan decidiram se instalar após saírem de Nova York. Em 1822, Marguerite, Aurora e Hazel desembarcaram na cidade e abriram sua pequena perfumaria. As moças eram muito unidas, nasceram no mesmo dia, mas em anos diferentes. Eram dotadas de extrema beleza e chamavam atenção por onde passavam. Não demorou muito para que fossem acusadas de seduzir os homens da cidade, usando seus poderes para que não resistissem aos seus encantos. Sem falar que na época, era extremamente inapropriado que mulheres solteiras administrassem um negócio. No dia 1º de junho de 1823, as irmãs foram acusadas de bruxaria e morreram afogadas nas mesmas águas que um dia as trouxeram à cidade.

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No dia 1º de junho 1824, as almas de Marguerite, Aurora e Hazel retornaram e possuíram os corpos de três garotas da cidade e durante três semanas, as irmãs reivindicaram os garotos, os levando para o mar para afogá-los, como uma forma de se vingarem do que fizeram à elas. E tem sido assim todos os anos. Todos os verões, os moradores da cidade recebem milhares de turistas que chegam para testemunhar se a lenda é verdadeira. Alguns conseguem retornar a suas casas, mas outros ficam presos no mar para sempre. Estamos as vésperas de mais uma Temporada Swan e a adolescente, Penny Talbot, vai narrar como é ser jovem numa cidade marcada por tragédias e amaldiçoada há 200 anos.

“Mas a magia não é sempre linear. Ela nasce do ódio. Do amor. Da vingança.”

Penny tem 17 anos e viveu toda a sua vida na ilha Lumière, que fica próxima da cidade de Sparrow. Ela cresceu ouvindo a lenda das irmãs Swan e antes do seu pai desaparecer, ele dormia na porta de seu quarto para protegê-la e assim não ser possuída por uma das irmãs. Três anos se passaram desde que ela viu o pai pela última vez e com a temporada se aproximando, a moça tem medo de finalmente se tornar uma das irmãs e acabar afogando os meninos da cidade. Há poucas horas do início das festividades, ela conhece Bo Carter, um forasteiro procurando emprego, e Penny só consegue pensar que é o pior momento para qualquer homem aparecer na cidade. Ela inicialmente nega o emprego a ele e o aconselha a deixar a cidade, mas naquela mesma noite seus caminhos se cruzam novamente e Penny oferece tanto o emprego, no farol da ilha, quanto um abrigo e quem sabe assim ele possa sobreviver a temporada.

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Como Bo é um forasteiro, ele não acredita que a lenda seja verdadeira, mas não consegue negar que está ouvindo o canto que vem do mar, a melodia que só vai cessar depois que todas as irmãs Swan conseguirem retornar. E ao amanhecer, a música simplesmente desapareceu e isso é um sinal de que nas próximas três semanas todos os garotos, forasteiros ou não, estarão em perigo e podem acabar afogados no mesmo mar que levou as vidas das três irmãs. Será que Penny vai conseguir manter Bo a salvo? Quem serão as vítimas este ano? E principalmente, quem serão as garotas que serão possuídas pelas irmãs? A lenda é verdadeira?

“Mas hesito. Assassinato. É precisamente o que é. Chamar de maldição não mascara a verdade do que acontece aqui todos os anos: assassinato. Premeditado. Violente, cruel, bárbaro. Monstruoso, até. Duzentos anos de morte. Uma cidade revivendo um passado que não pode mudar, pagando o preço ano após ano. Olho por olho. Engulo em seco, sentido uma dor no peito, nas entranhas. Tão previsível como a maré e a lua. Altos e baixos. A morte vem e vai.”

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A Maldição do Mar é uma fantasia recheada de mitologias e que usa o mar como seu cenário principal. Achei incrível a ideia de canto que vem das águas, pois nos lembra da mitologia das sereias que usavam seu canto para atrair os homens, e aqui não será diferente. Assim como os garotos se sentem atraídos para o mar, nós somos atraídos a continuar lendo essa história e descobrir cada segredo. A narrativa é feita por Penny, mas a autora intercalou os capítulos entre o que estava acontecendo atualmente em Sparrow e também nos dando detalhes do passado, tanto da cidade, quanto das irmãs. A comunidade se acostumou a esperar pelas mortes, tanto que os turistas que desaparecem, são sempre encobertos pela própria polícia local, mas ainda sim a história ficou famosa e as pessoas não tem medo de irem conferir se a lenda é real.

A nossa protagonista é uma adolescente que aprendeu a se cuidar sozinha desde que o pai desapareceu. Sua mãe era conhecida por ler o destino das pessoas nas folhas de chá, mas perdeu o interesse de continuar a fazer isso desde que o marido sumiu sem deixar rastro. Ela continua viva, mas é um espectro da mulher que um dia foi. Penny deseja ter os pais de volta e, principalmente, saber o que realmente aconteceu ao pai, mas em Sparrow tudo é possível e ele poderia ter se tornado mais uma das vítimas da maldição da cidade. Tudo que ela mais queria era deixar tudo para trás, mas sabe que a mãe jamais deixaria a ilha e isso acaba lhe mantendo presa também.

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“O amor é uma feiticeira – desonesta e selvagem. Espreita atrás de você, suave e gentil e silenciosa, pouco antes de cortar sua garganta.”

A chegada de Bo trás uma nova perspectiva para Penny, pois ela passa a querer protegê-lo da maldição e ao mesmo tempo tenta entender o que está sentindo por ele. A autora acertou em cheio de incorporar um romance a trama, mas eu não gostei como tudo aconteceu tão rápido. É como se tivesse colocado apenas para dar algo de concreto pelo o que Penny lutar. Então veio um dos plots e eu fiquei chocada que o romance tivesse acontecido para nos levar para uma outra parte da história. Ainda tenho dúvidas se gostei completamente, mas não é algo que me fez perder o encanto pela leitura, muito pelo contrário já que o personagem foi inserido justamente para movimentar a trama.

Penny e Bo são os protagonistas da trama, junto com com as irmãs Swan, mas a história também é movimentada pelos demais adolescentes da cidade. 200 anos após a tragédia teremos uma nova caça as bruxas. Dessa vez, eles não vão esperar a morte, então começam a suspeitar de todas as meninas e chegam até a manter uma delas como prisioneira. Eu fiquei me preparando para ter uma história mais assustadora, mas estamos falando de young adult. Para o gênero, eu achei bem satisfatório não termos violência explícita. O que eu eu mais amei foi justamente sermos envolvidos nesse mistério, ao ponto de acharmos que somos um dos personagens. Eu queria poder falar mais, só que pra mim tudo é spoiler e acredito que estragaria a leitura.

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“Amar alguém é perigoso. Te dá algo a perder.”

A capa de A Maldição do Mar é maravilhosa, pois além de transmitir um ar de mistério, ainda foi trabalhada numa pintura holográfica incrível. A diagramação é simples, mas a narrativa da autora nos carrega para tempos diferentes e isso é indicado a cada início de capítulo. Apesar da história ter vários plots e você ler querendo saber logo o final, todas as pontas foram amarradas sem a necessidade de continuidade. Eu senti falta de explorar mais a história da própria ilha onde Penny morava, mas entendi que a história não era sobre isso e sim de como uma violência pode gerar consequências graves e por tanto tempo.

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“Uma nuvem carregada não era facilmente levada pelo vento.”

Eu ainda leio muito pouco fantasia, mas a achei o enredo de A Maldição do Mar surpreendente. Adorei como a Shea usou uma cidade litorânea, que deveria ser ensolarada e divertida, para ambientar sua história. Você vai lendo e consegue enxergar uma cidade sombria, marcada por tragédias e onde existe uma população acomodada com seu destino. A narrativa da Shea é poética, mas não deixou de nos trazer uma história recheada de mistério, com o toque sobrenatural e sem deixar o romance de lado. Ainda acho que o romance entre os personagens desnecessário, mas o grande plot twist envolve um romance, então faz todo o sentido ela abordar no presente. Mesmo que tenha desgostado de algumas coisas, aind acho que merece minhas 5 Angélicas.

CLASSIFICAÇÃO 5 ANGÉLICAS

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